Suicídio: precisamos falar sobre isso

By Gabriella Lopes - 13:40


E aí, gente? Como vai? (tenho que encontrar uma forma mais criativa de dizer 'oi' para vocês)

Ontem (10) foi Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio e, como falei no post anterior (que pode ser lido aqui), tenho um projeto no Instagram com duas jornalistas incríveis e que fazem parte disso tanto quanto eu. Para começar, acho importante falarmos sobre o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio, porquê ele acontece e porquê esse dia é tão importante.

O dia 10/9 foi declarado Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio em 2003 pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O suicídio é visto como problema de saúde pública desde 1990, uma vez que causa a morte de, principalmente, jovens de 15 à 34 anos, a nível mundial, por mais que 90% destes suicídios, que acontecem a cada 40 segundos no mundo, possam ser evitados

Se o suicídio é um problema de saúde pública desde os anos 90, porque só começaram a fazer algo em 2003?
Se eu falar para você, talvez você até concorde (ou não, dependendo de quem está lendo): o suicídio é um tabu e é muito banalizado, assim como doenças como ansiedade, depressão, síndrome do pânico, transtorno de estresse pós traumático, bulimia, anorexia e outros transtornos que existem. Acham que tudo é "excesso de". Muita gente confunde a depressão com preguiça e falta de motivação; ansiedade com apenas um excesso de preocupação; bulimia e anorexia com uma obsessão pelo corpo perfeito e assim caminha a humanidade, pensando que esses problemas se resolvem com simplicidade.

Suicídio no Brasil 
Em 2013, uma adolescente gaúcha de 16 anos se suicidou depois de um slutshaming enorme, onde fotos íntimas foram divulgadas pela internet. Meses depois, pelo mesmo motivo, uma menina do Piauí tirou sua vida. Casos como os dessas meninas acabam abafados, mas isso só mostra um crescimento alarmante em várias estatísticas. Aqui vão alguns números:

Entre 1980 e 2012, as taxas de suicídio cresceram 62,5% na população em geral;
O aumento mais rápido e alarmante do problema acontece entre jovens de 15 a 29 anos;
São, do nicho acima, 5,6 mortes a cada 100 mil jovens (o que totaliza 20% acima da média nacional);
Segundo dados oficiais, 32 pessoas põe fim à sua vida diariamente. E o número real pode ser 20% maior que esse.

Em um estudo da OMS, que envolveu cinco cidades do mundo, a cidade de Campinas (SP) foi escolhida. Foram entrevistadas 515 pessoas, onde 17% pensou seriamente em suicídio, 5% chegou a elaborar um plano para tal e 3% chegou à tentativa de suicídio. De três pessoas que tentaram o suicídio, apenas uma foi atendida em um pronto-socorro.

Os motivos nem sempre são aparentes: entre as principais causas estão baixa autoestima, histórico de abusos (incluindo o bullying nessa lista), problemas para lidar com a própria sexualidade e reflexos de superproteção.


Muitas vezes, as pessoas que cogitam o suicídio dão sinais. Esses sinais são uma espécie de ajuda que a pessoa pede, porque, emocionalmente, ela não consegue lidar com algo pelo qual esteja passando. Tristeza excessiva e isolamento, mudança de comportamento ou aparência, tratar de assuntos pendentes, demonstrar calma repentina e ameaçar ou mencionar suicídio estão entre os comportamentos mais... "comuns" entre pessoas suicidas.

Ok. O que eu posso fazer se eu identificar esse tipo de comportamento em um amigo, familiar ou parente próximo?
Em entrevista à revista Galileu, o psiquiatra Carlos Felipe Almeida D’Oliveira, da Rede Brasileira de Prevenção do Suicídio, diz que o ideal é conversar com a pessoa e não deixá-la sozinha. Procure ouvir mais e falar menos, uma vez que a pessoa, muitas vezes, precisa apenas ser ouvida. Pedir orientação e procurar um profissional é um dos passos mais importantes a serem tomados. Tirar o acesso à armas em potencial, como remédios, substâncias tóxicas e armas é uma medida mais drástica e que pode ser tomada.

Quer ajuda e/ou orientação? Procure o Centro de Valorização à Vida (CVV) pelo número 144. Eles contam com profissionais capacitados para te ouvir 24 horas por dia, além do site: www.cvv.org.br.

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