Carta de Despedida

By Gabriella Lopes - 12:34


Oi, você.

Tá, eu sei que eu disse que te odiava, que nunca mais queria ver você e mais N coisas mais que eu to confusa demais pra me lembrar.

Eu não retiro nada do que eu disse. Apesar de dizer na raiva, eu disse o que eu sentia. Eu disse porque eu queria te machucar e queria que você sofresse como eu tô sofrendo. Queria que você sentisse dor. E arremessar toda aquela raiva foi a forma que eu encontrei de tentar esvaziar tudo o que eu sentia. Eu achava que tudo o que eu sentia por você era ódio. Não era raiva, era ódio mesmo, daqueles que a gente quer que um raio caia na cabeça da pessoa, umas 3 vezes seguidas.

Mas aí eu falei, eu esbravejei, eu gritei... E acabou. O ódio foi embora, mas deixou um rastro enorme de tristeza por onde ele passou. É como se eu tivesse numa sala enorme, junto com um elefante (imagina o maior elefante que você conseguir), e aquele elefante fica me olhando no fundo dos olhos, e nos olhos dele eu vejo tudo o que aconteceu, absolutamente tudo. Vejo todas as vezes que brigamos, todas as vezes que mentimos um pro outro, que gritamos um com o outro... Vejo que a falta de lealdade aos nossos sentimentos cavou um abismo enorme entre nós dois.

Abismo esse que, eu tenho me lançado quase que todo santo dia, na tentativa de chegar do outro lado. Mas acontece que eu já tentei tanto, e as feridas que eram superficiais, agora são fraturas expostas, são sangramentos hemorrágicos, são vísceras, são dores físicas demais pra que eu consiga me levantar e tentar atravessar outra vez. Então eu decidi que esse é o fim. Digo que o fim é nesse momento porque até então eu nunca tive a oportunidade de te dizer as coisas que eu vou dizer agora. E já que não haverá chance pra isso, eu resolvi escrever essa carta.

Você hoje, pra mim, é o simbolismo de um tiro no peito. Como se eu estivesse num beco sem saída, cercada por franco-atiradores, de braços abertos e sem nenhuma defesa.  Você é aquela ressaca péssima que a gente tem, que dificulta o abrir dos olhos e dói a cabeça que a gente até acha que está prestes a morrer. Ao seu lado eu desci no mais profundo dos 7 infernos e queimei, como se o combustível pra essa chama fosse eterno. Eu fui o próprio diabo me encarando no espelho. Eu fui dor, tristeza, medo. Eu fui a minha pior versão, a pior das vilãs. Mas eu também fui flor. Fui aquele frio na barriga gostoso quando descemos uma rua de carro, fui banho de mangueira num domingo de sol. Fui o mais gostoso dos abraços, daqueles que a gente se sente criança protegida no colo da mãe. Eu fui paixão, fui desejo, fui luxúria, descobertas e malandragem. Com você eu também flutuei pros campos mais bonitos de girassóis, tipo comercial de TV. Me senti a mais poderosa e amada das deusas que possa vir a existir. Eu fui o amor mais nu e real possível ao seu lado.

Eu não sei o que te impede de me procurar, pra ao menos olhar pra mim, o que te impede de me encarar. E por mais que você tente me explicar, esses sentimentos que eu nem sei mais quais são, vão sempre me cegar. A verdade é que eu ainda não consegui aceitar que você não é mais meu. Eu posso procurar nesse mundo e nos outros sei lá quantos existir. Nunca haverá um 'nós' como o nosso. E talvez essa raiva, esse ódio todo, seja só eu do meu jeito torto, errado e confuso, gritando desesperadamente que eu não aceito essa realidade pra gente. Mas como eu disse, essa é a nossa realidade. Eu, com o meu elefante enorme que eu pedi pra você imaginar... E você do outro lado do abismo, seja lá com o que ou com quem.

Por fim, eu queria que você soubesse que não importa quanto tempo passe ou quantas vezes mais eu diga que odeio você, que quero que você suma ou coisas assim. Minha única defesa foi o ataque. E eu não sei mais se aguentaria apanhar. E também sei muito bem me confundir nas coisas, como nessa última frase, acho que não há característica mais minha do que essa. Enfim, eu queria que você soubesse que apesar de tudo, eu nunca fui tão feliz como eu fui ao seu lado. E que não importa quanto tempo passe, ou quantas pessoas passem pela minha vida. Você é e sempre será o grande amor da minha vida.

Eu amo você... Adeus.

Por: Oshum.

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