Até porque só um dia do ano compensa todos os outros 364, ou 365 (se for ano bissexto, veja bem... ou não), porque até nesse dia somos inferiorizadas, agredidas, desrespeitadas, subestimadas... você talvez imagine todos os outros "adas" que poderiam vir depois dessas reticências. Isto é, se você tem ciência do que é ser mulher.

É fácil menosprezar uma luta quando falta compreensão e empatia. É fácil encher a boca pra gritar "feminazi" e vomitar mentira, é fácil quando o teu pagamento é 100 e o nosso é só 70. É fácil encher a boca pra especular que tudo o que a gente conseguiu foi "abrindo as pernas" ou, se a gente tá com um filho na barriga foi porque "abriu as pernas" pra qualquer um.

Mano, abre a sua cabeça! Essa luta por direitos iguais é tensa! Cês apedrejam a gente como uma vez fizeram com Maria Madalena e nos crucificam como fizeram uma vez com Jesus. Só que dessa vez, o machismo é a cruz e as pedras são cada insulto, cada desrespeito, cada humilhação, cada... estupro.

A mulher é sagrada e isso tá além da compreensão de mentes tão limitadas. Somos cheias de marcas, varizes, rugas, cicatrizes... somos leitos de rio, raízes, somos o ciclo da vida, infinitas. E, por ser tudo isso e muito mais, só queremos que haja uma troca justa: as flores pelo respeito.

Esqueça dos cartões e chocolates, esqueça as maquiagens e os jantares - nós queremos respeito e mais, queremos salários e oportunidades iguais, queremos que nosso espaço e nosso corpo sejam respeitados, queremos ressaltar, desta data, seu real significado: "Tecidos e Incêndio", pintado em 8 de março de 1857, Nova York. Óleo sobre tela, com 130 trabalhadoras, carbonizadas, por lutarem por seus direitos.