Minha cabeça está em um milhão de fragmentos. E cada um desses fragmentos me constitui, por mais que eu constantemente tenha que recolocá-los no lugar.
Todos nós, seres humanos e cabeças pensantes, temos um caos dentro de nós mesmos que sempre procuramos dar um jeito de administrar.
O pior disso tudo é quando o caos se renova e fica mais forte. Ele se generaliza e nos deixa cada vez mais confusos e distantes diante das nossas verdades. Muitas vezes, não há conversa interna que resolva e não é falta de Fé, qualquer que seja pois, a cada dia que passa, é uma batalha diferente, dotada de dificuldades diferentes.
E, se segurar para não bater a cabeça na parede fica cada vez mais difícil.
Não há conversa interna ou externa, não há aconselhamento ou acompanhamento psicológico. Não há nada que possa nos proteger do nosso caos interior e dos ecos emitidos por nossa mente, por mais que sempre procuremos exercitar nossa resistência mental, a cada explosão e a cada saliva das palavras não ditas que sempre acabamos por engolir contra a nossa vontade.
Frequentemente, tenho sentido um aperto no coração, uma dor, que me deixa sempre pensando o pior, mesmo que em circunstâncias positivas. É nesses "piores" que o caos se instala, a dor volta, e a vontade de sair da cama é esquecida.
E lutar contra isso, a cada dia, exige uma força que, grande parte das vezes, não sei se sou capaz de usar. Então, eu me desespero, não consigo ao menos sair da minha própria inércia e me sinto impotente: estou sempre arrastando uma corrente extremamente pesada com todos os meus problemas reais e dores e angústias, todas internas.
Medos e receios que seguram a mente humana podem segurar mais o ser humano do que algo físico realmente segura. Tudo está dentro da nossa cabeça, que é mais forte do que se imagina.
Mas, quando o caos se instala, tudo, mais uma vez, volta aos fragmentos.